Assim falava Serratustra
Então gritou para o alto das montanhas:
Ó tempo! Mas donde te vem a sabedoria demorada? Porque nao és tu
perspicaz como as gaivotas ou pelo menos sempre suave como as borboletas?!
O tempo respondeu com mais uns segundos e Serratustra irritado voltou a
gritar: Porque nos fazes questionar coisas que só tu podes responder?
Questão: Não são as nossas plantas e os nossos animais alterados
natural-gentico-temporalmente? Afinal as especies mais resistentes
sempre vingaram em detrimento das outras. As vacas, as saras, as cabras,
as dianas, os pedros as viuvas negras, as alfaces e as uvas, tanto
quanto as beterrabas e rabanetes e não mais que o milho painço e o
broculo.. Não sao eles frutos do teu trabalho com os homens e com as
coisas mais divinas e aleatórias que conseguiste contratar, ó
inabjurável tempo?
O que é mais natural do que a propria acção do natural, do homem?
Tudo é natural! Tudo teve origem na mais pura naturalidade da criação.
Os transgénicos sao naturais como qualquer acçao humana!
O bem e o mal existem dentro da definiçao do tempo. São indissociáveis dele.
Caminhando no desconhecido contigo posso divagar, devagar. Posso testar-te como tu me testas. Sem mim, tu nao me existes e sem ti não cnseguia escrever esta frase para que alguem te usa-se a lê-la!
Mas falo-te, ó tempo, com a proximidade e a rebeldia de quem fala a um irmão gemeo. E pergunto-te: Dás-me uma boleia ao futuro? Leva-me mais rapidamente que a qualquer existência. Faz-me ver as consequências de todos os bater de asas e de corações, assim como a de todos os corações que não ganharam asas.
E quando digo asas nao penses que me refiro a qualquer superfície em contacto com o ar ou a qualquer suave nota esvoaçante que parece fazer esquecer qualquer das minhas questões. Eu falo como um ser humano preocupado que partilha o planeta contigo e com todas as especies.
Diz-me qual o limiar do natural! Diz-me qual o ultimo passo antes do abismo. Diz-me se há abismo.
"mmmeeeddddooo", murmurou o vento...
Medo!!! Exclamou Serratustra! As amarras que me prendem à memória foram pregadas por ti e pelos teus escravos acasos. Cresci com a mentira de quem sempre fez coisas naturais e de quem sempre viajou contigo esquecendo o que não viu.
As maravilhas que prometeram vinham sempre mascaradas de futuro risonho, mas sempre se transformaram em espantalhos do presente.
O q é natural não me interessa! Não me interessa tudo, nem me interessa o nada. O que eu quero para os meus seguidores é harmonia. Quero viajar no tempo, com tempo. Quero viajar no tempo de graça!
Os transgenicos cheiram aos pés pestilentos dos caminhantes no tempo que seguem sempre atrás do chocolate e da manteiga de amendoim sem ter o pão para acompanhar. Os transgenicos cheiram também ao suor de quem respira notas de dolar e cospe contra o cheiro dos outros porque nao tem odor.
O que assusta os que me seguem é tanto o medo de viajar depressa demais, como o medo de estar a atrasar a viagem. E no meio desta ansiedade de dolares esvoaçantes muitos se querem passar por Serratustra e libertar o que não sabe ser livre!
Por isso a missão de Serratustra é libertar os transgenicos destes gatunos e destes animais que vivem na selva descoberta. Dos que usam para se esconder do céu azul e libertam os transgénicos para entreter os predadores escondidos nas nuvens.
Os transgénicos vêm comigo para a montanha onde crescerão e terão uma educação assegurada por àguias durante o dia e morcegos durante a noite.
Qualquer transgénico que queira sair poderá faze-lo sem os genes que ali receber, podendo estes ser entregues em caso de mérito próprio por decisão de todos os animais.
Só assim os transgénicos poderão ser livres e Serratustra feliz com os seus humanos.
Assim falou Serratustra antes de levar o milho consigo!